Para discutir o futuro do impresso, os líderes das principais
redações do país se reuniram na última terça-feira (24), no auditório do
jornal O Globo, no Rio de Janeiro. O evento faz parte das comemorações
dos 87 anos de fundação do veículo e do lançamento do novo projeto
gráfico da publicação.
O encontro foi mediado pelo editor-executivo de O Globo, Luiz Antônio
Novaes, e contou com a presença do diretor de redação do diário
carioca, Ascânio Seleme; da diretora de redação do Valor Econômico, Vera
Brandimarte; do editor executivo da Folha de S. Paulo, Sérgio Dávila; e
do diretor de conteúdo do Estadão, Ricardo Gandour. Todos mostraram ter
bons motivos para acreditar num futuro próspero. O debate foi
transmitido ao vivo pelo site de O Globo.
Conteúdo online restrito
No último mês, a Folha passou a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo virtual. Segundo Dávila, a audiência subiu depois que a versão online do site passou a adotar o sistema paywall (barreira paga) e o número de assinantes aumentou – conforme era desejado pela direção do jornal. Em pauta, o assunto despertou a avaliação do custo da produção de conteúdo de qualidade.
No último mês, a Folha passou a cobrar pelo acesso ao seu conteúdo virtual. Segundo Dávila, a audiência subiu depois que a versão online do site passou a adotar o sistema paywall (barreira paga) e o número de assinantes aumentou – conforme era desejado pela direção do jornal. Em pauta, o assunto despertou a avaliação do custo da produção de conteúdo de qualidade.
Sobre o tema, Seleme não confirmou – nem negou – se o site de O
Globo, que também passará por mudanças de conteúdo e de layout a partir
do próximo domingo, 29, vai adotar a mesma postura da Folha e cobrar do
leitor o acesso a todo material digital. O executivo apenas afirmou que
“restringir o acesso é uma questão em discussão”, e ponderou os contras
da estratégia. “Vamos perder em publicidade, porque menos pessoas vão
acessar”.
Para Vera, do Valor Econômico, a ideia de cobrar pelo conteúdo da web
é uma necessidade para as empresas de comunicação. “A internet afetou o
modelo de negócios dos jornais. Que do ponto de vista financeiro, não
consegue se apropriar do que produz. Não existe jornalismo independente
se a empresa não tiver uma solidez financeira. Cobrar pelo conteúdo é
uma saída muito interessante”. Porém, ela não disse se essa cobrança faz
partes do jornal que comanda.
Reforma gráfica
Entre hipóteses sobre o destino do impresso, Seleme falou sobre as mudanças de O Globo. Para ele, as mudanças irão valorizar esteticamente o jornal, mas que o conteúdo de qualidade sempre será o principal fator para atrair o público. “Redesenhar facilita a vida do nosso leitor, torna a leitura mais prazerosa, mas não aumenta a circulação, quem faz isso é o conteúdo”.
Entre hipóteses sobre o destino do impresso, Seleme falou sobre as mudanças de O Globo. Para ele, as mudanças irão valorizar esteticamente o jornal, mas que o conteúdo de qualidade sempre será o principal fator para atrair o público. “Redesenhar facilita a vida do nosso leitor, torna a leitura mais prazerosa, mas não aumenta a circulação, quem faz isso é o conteúdo”.
O diretor mostrou no telão, em primeira mão, as novas formas do
jornal. Agora o veículo conta com mais espaços brancos, maior
valorização dos suplementos na primeira página, mais cor, e fotografias
mais amplas. Em toda sua história, o jornal só passou por uma reforma -
ocorrida em 1995. Ao final do debate, foi exibido um vídeo institucional
com imagens da redação trabalhando no novo projeto, que foi tido pelos
profissionais como arejado, leve e confortável.
A importância do impresso e a relação com as novas tecnologias
Vera admitiu que as inovações interferiram na maneira de fazer jornalismo. “Disseram que com a internet cada cidadão seria um produtor de notícias e com isso o jornal seria dispensável. No entanto, a quantidade de informações na rede tornou-o ainda mais relevante, para analisar e filtrar os conteúdos”. A diretora do Valor comentou que a web fez os profissionais do impresso pensarem melhor antes de produzir alguma matéria, pois boa parte do conteúdo já apareceu no online.
Vera admitiu que as inovações interferiram na maneira de fazer jornalismo. “Disseram que com a internet cada cidadão seria um produtor de notícias e com isso o jornal seria dispensável. No entanto, a quantidade de informações na rede tornou-o ainda mais relevante, para analisar e filtrar os conteúdos”. A diretora do Valor comentou que a web fez os profissionais do impresso pensarem melhor antes de produzir alguma matéria, pois boa parte do conteúdo já apareceu no online.
Para Dávila, a popularização da internet obriga o jornal a se
atualizar constantemente. “Toda grande inovação tecnológica leva os
jornalistas a se tornarem melhores. É ai que eles param e discutem”,
afirma. “Ainda não inventaram um meio que tenha o papel de curadoria que
o jornal tem para indicar o que foi notícia no dia anterior. Além
disso, o jornal quebra a zona de conforto do leitor e o informa de
coisas além do que ele acha que deveria saber,” destaca.
Na busca por um jornalismo de qualidade, Gandour aposta na agregação
de valor e na prestação de serviço como diferenciais. “Com a conexão
virtual, as relações de trocas de conteúdos proporcionaram o contato
direto com as fontes. No entanto, diante de tanta informação, o leitor
fica perdido e pode se alienar”. Seleme expôs opinião semelhante a do
executivo do Estadão. Segundo o diretor de O Globo, a internet tem a
vantagem de ser rápida, mas o público prefere acompanhar análises e
informações mais aprofundadas no impresso.
Fonte: Comunique-se
Acessado em 25/07/2012
Acessado em 25/07/2012