A Receita Federal pretende finalizar neste ano o projeto que cria a malha fina para pessoas jurídicas.
Com o sistema informatizado pronto, será possível revisar de 20 mil a
30 mil declarações de empresas em um ano. A Receita divulgou
os números da fiscalização no ano passado
em 2012 e o resultado, sem a malha fina, foi recorde em lançamento de créditos
tributários [valores supostamente devidos por contribuintes]. No total,
foram R$ 115,8 bilhões, valor que supera em 5,6% os créditos tributários
de 2011.
“A malha da pessoa jurídica, prevista para 2012, não saiu por questões
orçamentárias, mas temos perspectivas de implementá-la em 2013”, disse o
subsecretário de Fiscalização da Receita Federal, Caio Marcos Cândido. A
malha fina é
um banco de dados usado atualmente para contribuintes pessoas físicas
no qual são armazenadas as declarações que apresentam inconsistências
após os diversos cruzamento realizados pelos sistemas informatizados do
Fisco.
De acordo com Caio Marcos, os números da fiscalização em 2012 poderiam
ser melhores também, não fosse pelos cerca de 120 auditores que se
aposentaram e por uma movimento por reajustes salarial conhecida como
Operação Crédito Zero, que consistiu na realização de todo o processo de
fiscalização, mas sem o lançamento do resultado nos bancos de dados da
Receita Federal. Mesmo assim, os números divulgados foram considerados
“muito bons” pela Receita Federal. O subsecretário não acredita em
prejuízos para os cofres públicos porque o trabalho ainda será
concluído.
“Em 2013, o auditor este ano terá que dar o resultado da carga de
trabalho deste ano e do ano passado. Receberá carga dobrada. A que ele
não fez e a deste ano. Então, ele terá que se desdobrar para fazer os
dois [trabalhos]. É uma questão administrativa que faremos funcionar. E
nós faremos, pode ter certeza”, disse.
Mesmo com o lançamento de R$ 115,8 bilhões em créditos tributários, não
significa que todo esse recurso irá para os cofres da União, pois os
contribuintes poderão questionar administrativamente para não pagar o
valor e ainda recorrer à Justiça. No primeiro caso, o processo poderá
levar até cinco anos e só então o dinheiro devido ser depositado.
Segundo Caio Marcos, cerca de 75% dos contribuintes questionam as
autuações da Receita. O número de fiscalizações em 2012 diminui apenas
em relação às pequenas e médias empresas. Em relação às empresas
consideradas diferenciadas, que são os maiores contribuintes,
responsáveis por 70% da arrecadação federal, o número de fiscalizações
aumentou.
Os contribuintes que serão fiscalizados neste ano já foram selecionados
e dependem de cada unidade da Receita pelo Brasil. Porém, se ao longo
do ano, houver um fato relevante, que não esteja entre os casos
previstos, os fiscais poderão incluir o novo fato nas operações,
ressaltou o subsecretário. Das fiscalizações encerradas em 2012, a
Receita identificou 27%, em tese, com possibilidade de existência de
dolo, por meio de fraude, simulação ou conluio. Nesses casos, o problema
é encaminhado para o Ministério Público Federal, que pode entrar com
ação penal contra os possíveis infratores.
No universo das pessoas físicas fiscalizadas, as autuações se
concentraram nos contribuintes cuja principal ocupação declarada foi a
de proprietário ou dirigente de sociedades empresarias, além de
profissionais liberais. Entre as pessoas jurídicas, as autuações se
concentraram nos segmentos industrial, de prestação de serviços e
comércio.
No ano passado, foram considerados grandes contribuintes para a Receita
as empresas incluídas em qualquer um dos seguintes parâmetros: mais de
R$ 100 milhões de receita bruta, débitos em Declaração de Débitos e
Créditos Tributários Federais acima de R$ 10 milhões, massa salarial
acima de R$ 18 milhões e débitos declarados em Guia de Recolhimento do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social
acima de R$ 6 milhões.