domingo, 9 de setembro de 2012

O desktop Linux não morreu, ao contrário do que diz o obituário prematuro publicado pela CNN


A semana foi marcada por um artigo que pode ser classificado como troll, portanto lide com ele usando luvas de amianto: um artigo da Wired na CNN dizendo que a Apple matou o desktop Linux, construído a partir das declarações de uma fonte primária cujo histórico a coloca em posição de poder ser consultado a respeito (mas não de ser o único consultado, claro), ainda que se discorde de sua opinião: o criador do ambiente gráfico GNOME, Miguel de Icaza.

O título dado pelo jornalista é “Como a Apple matou o desktop Linux”, mas o argumento de Icaza não se reduz à Apple, e muito menos diz que os usuários do Linux no desktop estão migrando para o ambiente (com laços fortes com o Unix BSD) existente nos Macs, mas sim que parcela considerável dos desenvolvedores que impulsionaram o desenvolvimento do desktop Linux migraram para outras plataformas – não só os Macs: ele frisa que muitos estão voltados para a Open Web (que também é positiva para os usuários de Linux), eu percebo que muitos estão atentos às plataformas móveis, e assim por diante.

O próprio GNOME criado por Icaza hoje não vive seu momento de maior aceitação, e tenho dúvidas se voltará a vivê-lo, mas na minha opinião isso vem pouco ao caso para os usuários de Linux que lerão este artigo: eles nos dirão que vão usar o ambiente desktop que melhor lhes atender, pois há vários outros, embora o GNOME tenha anteriormente alcançado um grau de sucesso interessantíssimo.

Outro aspecto mencionado por Icaza é que na visão dele “o desktop open source” (que, descrito assim no singular, é para mim uma entidade bastante abstrata) foi menos atrativo para esta geração de desenvolvedores que migrou para outras plataformas, porque praticou muitas vezes o jogo da quebra da compatibilidade retroativa, ou seja, o surgimento de novas versões do sistema que mudam o jeito de fazer as coisas e tornam incompatíveis os códigos e habilidades previamente desenvolvidos pelos interessados. É um fenômeno que já vivi, e felizmente noto em determinados projetos open source grande esforço para evitar ou reduzir.

Já na web a situação é diferente: nos bastidores e debaixo do capô do motor o open source predomina, com nomes como Apache, Nginx, Python, PHP, Ruby on Rails, Hadoop, MongoDB e Xen continuando a fazer a alegria de desenvolvedores que se dirigem a um conjunto de usuários bem maior do que se estivessem voltados à fatia dos desktops open source.

O fenômeno inclusive fez aumentar a relevância dos movimentos a favor de uma web aberta, explicando movimentos como o de Stormy Peters, anteriormente diretora da GNOME Foundation e hoje militando a favor da web aberta, no âmbito da Mozilla (cujo foco em aplicativos para o desktop open source há muito vem perdendo o brilho).

Leia o texto na íntegra o artigo de Augusto Campos em techtudo