Há um cheiro estranho no ar. Jornais impressos começam a enfrentar problemas e procuram "soluções" estranhas para as suas dificuldades econômicas (a empresa jornalística, na maioria, é um negócio como outro qualquer).
"Coleguinhas" que trabalham em grandes impressos não percebem a crise que se aproxima com as novas tecnologias e defendem que no mercado tem espaço para todos ou "para os melhores" (procurem na Google as discussões sobre a questão do diploma). Não quero entrar nesse debate, mas nesse segmento vejo um futuro sombrio com o avanço das novas tecnologias.
Conheço muita gente que deixou de comprar jornal porque assina um portal e pode levar o conteúdo em seus equipamentos móveis ou acessá-los quando precisar. Nesse sentido, acredito que as rádios e as outras mídias manterão e conquistarão novos espaços pelo mesmo motivo.
Papel custa caro, seu consumo é politicamente incorreto e o exemplo do Washington Post mostra o que pode vir por aí. Além da questão tecnológica e financeira, se questões éticas não fizerem parte da formação de jornalistas, a vaca chegou ao brejo. Tirá-la, vai ser mais complicado ainda. Reproduzo aqui as aspas de Alfredo Vizeu Junior, membro da comissão e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), sobre a formação do profissional de jornalismo publicadas na Agência Brasil.
“Os cursos de graduação deverão formar um profissional capaz de enfrentar os desafios e demandas que a sociedade coloca no século 21. A postura ética precisa ser fortemente trabalhada, é uma singularidade da atividade”, afirmou Vizeu.
E mais: “Tenho o maior respeito pelos membros do STF, mas me surpreendeu o desconhecimento dos ministros a respeito do campo jornalístico. Produção de notícia e de informação exige um profissional qualificado com formação superior”, defendeu.
De resto, vale ler o texto abaixo publicado (03/07) no blog Jornalismo nas Américas sobre a estratégia do Washington Post em tempos de crise. Não pretendo fazer nenhum juízo de valor, mas trata-se de um tópico muito interessante quando se trata de ética versus sobrevivência econômica.
Não sei se correto associar. Ou relembrar o livro A Primeira Vítima de Phillip Knightley ("a primeira vítima de uma guerra é a verdade"), sobre jornalismo de guerra. Mas vamos ao texto sobre o WP publicado no Jornalismo nas Américas:
"Katherine Weymouth, publisher do Washington Post, tinha planejado uma série de jantares "off the record" em sua casa pelo valor de 250 mil dólares, onde lobistas teriam acesso a "poucos poderosos" --autoridades da administração Obama, membros do Congresso, e editores e repórteres do próprio jornal, explica o site Politico.com. (Leia matéria dO Globo aqui.)
Os jantares foram divulgados através de folhetos publicitários, mas Weymouth afirmou que nem ela nem a redação do Post tinha revisado o seu conteúdo. A informação inicial do Politico sobre os encontros (ou "salões") causou protestos imediatos. O editor-executivo do jornal, Marcus Brauchli, disse que estava "chocado" com o plano. Ele passou boa parte do dia explicando a outros meios de comunicação que os jornalistas do Post não estavam à venda.
Weymouth, que disse que o folheto "deturpou completamente o que estávamos tentando fazer", tem encarado a crescente pressão de encontrar novas fontes de receita, explica Howard Kurtz, do Washington Post. Ela insiste que o Post, que perdeu 19,5 milhões de dólares no primeiro trimestre, vê a reunião de personalidades de Washington como uma possível fonte de renda, observa o Politico."
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