Falhas que causavam a vulnerabilidade do site do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) à invasão de hackers foram corrigidas na sexta-feira, três dias após o apagão que afetou 18 Estados brasileiros, informa reportagem de Fernando Rodrigues publicada na edição desta segunda-feira da Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Leia a cobertura completa do apagão no Brasil
Lula defende investigação sobre blecaute
Governo deve entregar hoje documentos sobre apagão
País teve 62 apagões graves só neste ano
Blecaute afetou 18 Estados do país e o Paraguai, veja fotos
De acordo com a reportagem, setores do site permitiam identificar programas internos usados pelo órgão para armazenar dados. Há indicações de que porções do sistema elétrico monitorado podem ser acessados à distância.
A Folha consultou várias autoridades do governo sobre a possibilidade de ataques por meio da internet aos sistemas de empresas de energia. O ONS e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), entre outros órgãos governamentais, negaram haver essa possibilidade.
Não há indicações de que possa ter havido, de fato, uma invasão de hackers em empresas de energia no Brasil ou no ONS --nem que o blecaute da última terça tenha sido causado pela queda no sistema de computadores. A vulnerabilidade no sistema do ONS, no entanto, ficou disponível a quem tivesse interesse de provocar problemas nos computadores do órgão.
Danilo Verpa/Folha Imagem
Luzes de carros iluminam a avenida Paulista, em São Paulo, atingida pelo apagão de terça (10)
Luzes de carros iluminam a avenida Paulista, em São Paulo, atingida pelo apagão de terça (10)
Apagão
O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) reafirmou no início da noite de quarta-feira (11), em Brasília, que o apagão que atingiu 18 Estados ocorreu devido a fenômenos climáticos. Segundo ele, descargas atmosféricas, ventos e chuvas muito fortes na região de Itaberá (SP) foram a causa do desligamento de três linhas de transmissão e o consequente desligamento da usina hidrelétrica de Itaipu.
Lobão afirmou que o próprio Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espacias) confirmou a concentração muito grande desses fenômenos na região. Mais cedo, no entanto, técnicos do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe, informaram que as chances de um raio ter sido a causa do apagão são mínimas.
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) admitiu nesta quinta-feira (12) que o Brasil não está livre de sofrer novos blecautes, como o que deixou 18 Estados às escuras nesta terça (10). "Nós não estamos livres de blecaute", afirmou. "O que nós prometemos é que não terá neste país mais racionamento", completou a ex-ministra de Minas e Energia.
"Nós trabalhamos com sistema de transmissão de milhares de quilômetros de rede, e interrupções desse sistema ninguém promete que não vai ter. Nós prometemos que não terá racionamento, porque racionamento é barbeiragem", afirmou Dilma, que ainda negou que o país tenha sofrido um apagão. "Não teve [apagão]. Uma coisa é blecaute [outra é apagão]".
De acordo com o governo, foram desligados 28,8 mil MW (megawatts) de carga no SIN (Sistema Interligado Nacional) nesses 18 Estados, o equivalente ao dobro da potência instalada de Itaipu. No Paraguai, houve interrupção de 980 MW de carga.
O problema começou às 22h13, quando ocorreu perturbação geral, envolvendo diretamente a região Sudeste e Centro-Oeste, desencadeando desligamentos automáticos.
Os dados do operador apontam que às 22h29 a carga da região Sul já estava restabelecida, da região Centro-Oeste às 22h50 e da região Nordeste às 22h55. Às 23h50 foi restabelecida a carga de Minas Gerais.
O restabelecimento gradativo de energia em São Paulo começou à 0h04 e no Rio de Janeiro e Espírito Santo à 0h40. À 1h44 foi restabelecido o SIN. Mas o problema todo foi sanado às 3h15 de quarta-feira (11).
Investigação
O MPF (Ministério Público Federal) abriu um procedimento administrativo para apurar as causas e os responsáveis pelo blecaute desta semana. O trabalho ocorrerá em duas fases: coleta das informações e apuração pelos procuradores nos Estados.
A Procuradoria estabeleceu 72 horas para que o Ministério de Minas e Energia, o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e a Itaipu Binacional apresentem explicações. Todos já foram notificados via fax, na quarta-feira (11), segundo o procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira, do Grupo de Trabalho Energia e Combustíveis. No entanto, poderão aguardar a chegada do documento original para cumprir o prazo.
À Folha Online Oliveira afirmou que espera concluir a primeira etapa da apuração em 15 dias --prazo que pode ser prorrogado. Ele espera receber uma documentação completa sobre as causas do apagão para que sejam cobrados os direitos dos consumidores e a garantia dos serviços.
Arte/Folha Online
Nenhum comentário:
Postar um comentário