quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Impostômetro não pára mesmo com o apagão segundo o Valor

Na escuridão da rua Boa Vista, impostômetro não parou


Vanessa Adachi, de São Paulo
12/11/2009

Antonio Gaudério/Folha Imagem-11/6/2007
Foto Destaque
O placar luminoso registra, segundo a segundo, quando o governo arrecadou

O apagão que começou na noite de terça e avançou madrugada adentro na quarta parou boa parte do país. Mas os brasileiros que se encontravam às escuras não pararam de pagar impostos. Pelo menos era o que informava o conhecido "impostômetro" da Associação Comercial de São Paulo, um grande luminoso que informa, segundo a segundo, quanto o governo já arrecadou no ano, nas esferas federal, estadual e municipal.

Passados poucos minutos da meia-noite, o centro velho paulistano, que no passado abrigou o coração financeiro do país e onde até hoje está encravada a BM&FBovespa, era um breu.

Às 0h07, o carro avançou pela rua Boa Vista e , logo depois da curva que marca o seu início, uma visão reluzente: em meio à escuridão geral, o impostômetro girava freneticamente. Àquela altura, indicava que os brasileiros já haviam pago no ano pouco mais de R$ 902 bilhões. A marca dos R$ 900 bilhões havia sido quebrada ao meio-dia da terça.

Ontem, já às claras, o economista e superintendente da Associação Comercial, Marcel Solimeo, explicou o "fenômeno". O impostômetro está interligado ao sistema elétrico da própria associação, localizada no número 51 da rua Boa Vista. O sistema é à prova de apagão graças a um potente gerador e a um estoque de diesel suficiente para suportar oito horas de trabalho contínuo.

"Imposto não tem apagão", disse ele um tanto surpreso, porque já estava em casa na noite de terça quando a luz se apagou e não teve a oportunidade de observar a tenacidade do impostômetro. "Podemos dizer que todo mundo continuou a pagar imposto, inclusive sobre a conta de luz."

Às 0h08, a claridade do impostômetro já ficara para trás quando o fornecimento de luz finalmente foi normalizado no velho centro. A rua Boa Vista se iluminou, assim como o Viaduto do Chá e o belo edifício do Teatro Municipal. Nas avenidas Ipiranga e São João, o movimento era tão intenso que, com a iluminação regularizada, era difícil imaginar que um apagão acabara de ocorrer. Mas toda aquela gente estava na rua tão tarde da noite justamente porque o sistema de transporte público entrou em colapso. Com os trens do metrô parados, os pontos de ônibus lotaram.

A cena era a mesma na avenida Paulista, onde, 30 minutos mais cedo, a eletricidade começou a voltar. Mas só de um dos lados. Enquanto a Bela Vista tinha luz, Cerqueira Cesar permanecia no escuro. No rádio do carro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, parecia menos informado que o assessor de imprensa da hidrelétrica de Itaipu e afirmava que uma falha na usina ocasionara o blecaute. O assessor antecipava que o problema estava nas linhas de transmissão de Furnas.

Fonte: Valor Econômico

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