O diário espanhol "El País" vai passar a ser "um jornal
essencialmente digital", com um foco cada vez maior no mercado
americano. O anúncio foi feito numa "carta aberta"
publicada no site do jornal, em que o diretor Antonio Caño assume o compromisso de
manter o jornal nas bancas "durante todo o tempo que for possível".
"[Chegou] o momento da transformação do "El País" num jornal
essencialmente digital, numa grande plataforma geradora de conteúdos
(…). Assumimos o compromisso de continuar a publicar uma edição impressa
do "El País" da maior qualidade durante todo o tempo que for possível.
Mas avançamos, ao mesmo tempo, na construção de um grande meio digital
de cobertura global que possa responder às exigências dos novos e
futuros leitores", escreveu Antonio Caño, no portal
do jornal.
O diretor do "El País" acrescenta que "esse meio é e será cada vez
mais americano", por ser na América que o jornal mais cresce e tem hoje
"uma expansão mais prometedora". Antonio Caño sublinha que o El País continua a ser o jornal impresso
mais vendido em Espanha e as edições digitais conseguiram nos últimos 18
meses "crescimentos espetaculares", que o tornaram "no meio de
comunicação em espanhol mais visitado e lido do mundo".
"Mas isso não significa que a batalha esteja ganha e a nossa sobrevivência garantida", acrescenta. Caño informou ainda que a "revolução" que afeta os meios de comunicação
social continua em curso e "o panorama é ainda muito confuso", apontando
que a transferência de leitores do papel para o digital é "constante".
Além disso, dentro do mundo digital, "a situação continua a ser
incerta", com os leitores a preferirem agora os 'smartphones' e com o
surgimento permanente de novos dispositivos portáteis. Somam-se "ameaças
recentes", como os bloqueadores de publicidade, e a "instalação da
cultura da gratuitidade", afirma.
Tudo isto torna "muito complexo também o horizonte no terreno dos
novos meios", sublinha ainda Antonio Caño, que justifica que as mudanças
no jornal, a poucos meses de completar 40 anos (em maio), têm como
objetivo estar "na vanguarda", garantindo que o El País está "mais vivo
do que nunca".
Fonte: Económico
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