A revista "Time" revelou que o site Ashley Madison, especializado em
promover encontros entre pessoas que desejam trair seus parceiros,
monitorou conversas de seus membros para analisar as motivações das
mulheres que traem.
A revelação partiu de um estudo apresentado no 109º encontro anual da
Sociedade Americana de Sociologia, ocorrido neste sábado (16) em San
Francisco.
O professor Eric Anderson, da Universidade de Winchester (Inglaterra),
apresentou um estudo feito a partir dos dados coletados pelo site,
revelando que mulheres infelizes no casamento e que ainda amam seus
maridos preferem trair a pedir o divórcio.
Anderson, que trabalha no site como "cientista de dados-chefe", teve
acesso a 4.000 conversas entre 100 mulheres e seus pretendentes a
amante, durante um mês. "Eu monitorei suas conversas com os homens do
website, sem elas saberem que eu monitoraria e analisaria suas
conversas", disse ele, segundo a "Time". "Os homens também não sabiam".
Ele cruzou os dados das conversas com características informadas pelas
mulheres ao se cadastrarem no site. Segundo Anderson, os termos de uso
com os quais todo usuário do site afirma concordar no cadastro informam
que os dados podem ser usados para estudo. "Claro que todo mundo lê
cuidadosamente os termos", ironiza a repórter Belinda Luscombe.
Há duas semanas, outro site de encontros, o OK Cupid, revelou que também
fez experiências com seus usuários. No blog do site, eles informaram
ter feito alterações no algoritmo para mostrar perfis diferentes do
desejado para 698.005 de seus usuários.
Eles calculam a compatibilidade entre perfis, e informavam a pessoas com
30% de compatibilidade que tinham 90% de semelhança. Com isso, queriam
ver se aumentava o volume de conversas entre essas pessoas, que poderiam
levar a encontros felizes ou infelizes. O resultado: não aumentava
tanto assim.
Christian Rudder, um dos fundadores do OK Cupid, explicou da seguinte
maneira a experiência: "Se você usa a internet, está sujeito a centenas
de experimentos a qualquer momento, em qualquer site".
Sites de notícias podem testar a popularidade de manchetes e fotos por
perfil de leitor, em tempo real, para decidir qual tem mais chance de
ser lido. Sites de comércio eletrônico passarão semanas enviando ofertas
de eletrodomésticos a quem os pesquisou.
Ainda em julho, o Facebook revelou ter feito um experimento com o seu
algoritmo para manipular o humor de alguns usuários a partir das
informações que veem destacadas em suas linhas do tempo.
Em sites de encontros, porém, as consequências podem ser maiores, como disse Rudder à "Time", no final de julho.
"Quando fazemos uma mudança, ainda que pequena, isso pode mudar a
escolha de com quem as pessoas conversam, com quem flertam, com quem
saem, e com certeza em alguns casos também com quem casam", disse ele.
Fonte: Folha Mundo
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